Afonso Henriques (Afonso I de Portugal) (1109-1185) foi o primeiro rei de Portugal. Chamado de “O Conquistador” reinou 42 anos, de 1143 a 1185, e deixou como legado uma nação.
Afonso Henriques nasceu provavelmente em Guimarães, Portugal, no dia 5 de agosto de 1109. Filho de D. Henrique de Borgonha e de D. Teresa de Leão, era neto do rei castelhano Afonso IV de Leão e Castela. Seu pai, D. Henrique de Borgonha, foi ordenado conde pelo rei Afonso VI, pelo sucesso nas campanhas militares contra os mouros na Península Ibérica. Em 1096, foi então recompensado com o Condado Portucalense, agrupando os antigos condados de Portucale e de Coimbra, assim destacados da Galícia.
Com a morte de D. Henrique de Borgonha, em 1112, não tardou para se verificar uma forte ingerência por parte da linhagem galega dos Trava na política do condado, já sob o governo de D. Teresa que a partir de 116 passou a se intitular “rainha”. Quando Fernão Peres de Trava se instalou no condado, em 1121, passando a viver com D. Teresa e a desempenhar funções governativas no território de Coimbra, a reação da nobreza portucalense foi de ruptura com a viúva do conde D. Henrique.
O Cerco a Guimarães
Em 1122, com 14 anos, Afonso Henriques que recebera boa educação é armado cavaleiro na Catedral de Zamora. Nessa época, a rejeição da ingerência galega se espalhava por grande parte dos senhores portucalenses. Os revoltosos ganharam para a sua causa o infante Afonso Henriques, que em 1127 por ter defendido a cidade de Guimarães do cerco que lhe foi posto por Afonso VII de Leão e Castela exigiu que os portucalenses o reconhecessem como soberano.
Batalha de São Mamede
A luta de poder só teve fim com a Batalha de São Mamede, em 1128, e consequente vitória da facção liderada por D. Afonso Henriques, com grande destaque para a ação dos nobres portucalenses. Com a vitória, Afonso Henriques adotou o título de príncipe e impôs-se como governante do condado. Tornava-se definitiva a separação política entre a Galícia e aquilo que viria a ser Portugal.
A partir de 1131, Afonso Henriques se instala em Coimbra, onde poderia mais facilmente desencadear operações de ataque contra os mouros, estender os territórios do condado e reivindicar um reino. Para a afirmação da futura monarquia portuguesa, Afonso Henriques buscou negociar junto a Santa Sé. O primeiro passo foi a fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, ainda em 1131.
Rei dos Portugueses
Ainda na década de 1130, Afonso Henriques intensificou sua feição guerreira do governo afonsino. Organizou a defesa de Coimbra, sujeita a incursões dos mouros de Santarém, construindo castelos que vigiassem e dificultasse as ações dos inimigos. Com a construção do castelo de Leiria, começou ele próprio a desencadear e chefiar incursões em zonas controladas pelos muçulmanos.
Em 1139, Afonso Henriques organizou uma grande expedição que entrou por terras islâmicas e culminou na Batalha de Ourique. Com o triunfo alcançado, Afonso Henrique passou a se intitular “rei dos portugueses” (portugalensium rex) título que aparece nos documentos da corte. O rei e a monarquia dos portugueses surgiram antes de se haver estabelecido o reino de Portugal perfeitamente delimitado e estabilizado.
Independência e Novas Conquistas
Em 1143 ocorre um passo decisivo para o processo de independência, quando um enviado do papa, o cardeal Guido de Vico, foi à Península para resolver várias questões administrativas da Igreja em uma reunião com D. Afonso Henrique e o imperador Afonso VII (proclamado imperador da Hispânia em 1135). O enviado papal pretendia também que os dois primos não tivessem tanta discórdia, pois só favoreciam os mouros. Afonso VII reconheceu seu primo como rei, mas tal reconhecimento não significava uma dissolução do vínculo vassálico entre os dois.
Determinado a alargar o território, D. Afonso vai reconquistado terras do sul antes tomadas pelos mouros. Ocupa Santarém e Lisboa, em seguida, Almada, Sintra, Beja, Évora, Moura, entre outras. Em Badajoz, conhece sua primeira derrota, ficando ferido gravemente em uma perna e prisioneiro. Conta-se que teve que pagar quilos de ouro por sua libertação.
Mesmo reconhecido pelo primo e tendo o monarca português enviado uma carta ao papa Inocêncio II, dispondo-se a pagar-lhe quatro onças de ouro anuais e afirmado que o considerava como seu único senhor, excluindo qualquer espécie de subordinação a Afonso VII, os documentos pontifícios continuaram o tratando por duque (dux). E só em 1179, Afonso I vê o reconhecimento, pela Santa Sé, da sua realeza. Na realidade a independência era desde há muito tempo um fato consumado.
Em 1146, D. Afonso Henriques casa-se com D. Mafalda de Saboia, também conhecida por Matilde, condessa de Saboia e Maurienne, filha do conde Amadeu II de Saboia e de D. Mafalda de Albón. Na data, tinha 21 anos e o rei 37. Mafalda teve que lidar com as constantes ausências e infidelidades do marido. A rainha sozinha e desgostosa, dedicada à caridade e à devoção fundou o Mosteiro da Costa, em Guimarães, e várias outras igrejas. Teria falecido do parto da filha Sancha, em 4 de novembro de 1157. Foi sepultada no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra.
Filhos de Afonso Henrique e D. Mafalda
Em doze anos de casamento com D. Afonso Henrique, D. Mafalda teve sete filhos:
D. Henrique (05.03.1147), que morreu quando criança,
D. Mafalda, que teve o casamento planejado com o rei Afonso II de Aragão, mas faleceu jovem,
D. Urca, que se casou com o rei Fernando II de Leão,
D. Sancho I (1154-1212), futuro rei de Portugal,
D. Teresa, que se casou com Filipe I, conde de Flandres, e que viria a casar-se novamente com Eudes III, duque de Borgonha,
D. João, infante de Portugal, que morreu ainda criança,
D. Sancha, infanta que faleceu ainda jovem.
D. Afonso Henriques teve quatro filhos ilegítimos:
D. Fernando Afonso (1166-1172), filho de Chamoa Gomes,
D. Pedro Afonso, que foi senhor de Araga e Pedrógão, de mãe desconhecida,
D. Teresa Afonso, filha de Elvira Gualter,
D. Urraca Afonso, também filha de Elvira Gualter.
Fonte: ebiografia
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